11/08/2025 às 17h13 - Atualizado em 11/08/2025 às 17h14

DF lidera acesso à internet no país e amplia rede pública de wi-fi gratuito

Por Karol Ribeiro, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto

O Distrito Federal lidera, com folga, os indicadores de acesso à internet, posse de dispositivos e consumo de mídia digital. Os dados são de uma nova pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no fim de julho. Segundo levantamento, 95,9% da população local, o equivalente a 2,7 milhões de pessoas, está conectada. Para ampliar e democratizar esse acesso, o Governo do Distrito Federal (GDF) mantém o programa Wi-Fi Social DF, que oferece conexão pública e gratuita em locais de grande circulação. Atualmente, 135 pontos estão ativos, operados por empresas credenciadas.

Com presença maciça no DF, programa Wi-Fi Social garante conexão gratuita à internet ao público | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília

O programa, lançado em fevereiro de 2019, registrou mais de 150 milhões de acessos em 2024. A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-DF) lançou o novo ciclo do Wi-Fi Social 2025 por meio da Portaria nº 34/2025, com o objetivo de expandir a cobertura e aprimorar a qualidade do serviço. As inovações incluem a ampliação da cobertura, o aperfeiçoamento das exigências técnicas e o reforço das garantias de proteção de dados pessoais.

Conexão amplificada

“Com o alcance de 150 milhões de acessos no último ano, seguimos ampliando o programa com mais pontos ativos, exigências técnicas aprimoradas e um compromisso firme com a proteção dos dados dos usuário”

Marco Antônio Costa Júnior, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF 

Segundo o titular da Secti-DF, Marco Antônio Costa Júnior, o Distrito Federal alcançou um marco histórico. “Somos a unidade da Federação com o maior número de casas conectadas à internet”, reforça. “Esse resultado é reflexo direto de políticas públicas, que democratizam o acesso à informação e à tecnologia, especialmente nas regiões que mais precisam. Com o alcance de 150 milhões de acessos no último ano, seguimos ampliando o programa com mais pontos ativos, exigências técnicas aprimoradas e um compromisso firme com a proteção dos dados dos usuários. Conectar o DF é promover cidadania digital”.

O Wi-Fi Social DF funciona sem custos para o poder público ou para os usuários. Toda a estrutura necessária, como equipamentos, manutenção, energia elétrica e demais insumos, é financiada pelas empresas credenciadas. Em troca, elas podem exibir publicidade digital nos pontos de acesso. A parceria com o GDF é formalizada por meio de um termo de autorização precário e não exclusivo, ou seja, não se trata de um contrato oneroso. Esse tipo de autorização pode ser revogado a qualquer momento, por interesse público, sem gerar obrigações financeiras para o Estado.

Como funciona

Uma das empresas credenciadas e responsável pelo ponto de Wi-Fi Social na estação de metrô Furnas e da Feira do Núcleo Bandeirante, a I-Digitais instalou três antenas na Feira: uma na praça de alimentação e duas nas extremidades. O acesso é simples e gratuito, mas exige um breve cadastro inicial. “Aparece a rede Wi-Fi Social, de acesso livre”, orienta o técnico de tecnologia da informação Tiago de Farias, da I-Digitais. “Ao se conectar, a pessoa precisa colocar o número de celular e visualizar uma campanha vinculada ao aparelho. Depois, é só clicar em ‘navegar grátis’. A partir daí, já está conectada”.

“Algumas pessoas ainda têm receio por não conhecerem a rede, mas a gente tem uma equipe técnica que faz todo o gerenciamento”

Tiago de Farias, da I-Digitais

De acordo com ele, o público que mais utiliza o serviço são os trabalhadores da região e os clientes. “Pessoas que trabalham aqui usam muito, inclusive para pagamentos via maquininha”, conta. “Durante a hora do almoço também tem bastante acesso. Tem vendedor, tem cliente, gente sem internet no celular que se conecta rapidinho para pagar via Pix”. O Wi-Fi Social, classifica Tiago, é útil para todos os perfis, “do celular mais simples ao mais caro”.

Quanto à segurança dos dados, ele garante que o sistema é protegido. “Algumas pessoas ainda têm receio por não conhecerem a rede, mas a gente tem uma equipe técnica que faz todo o gerenciamento”, explica. “Usamos proteção de dados conforme a LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados]. As informações são armazenadas em um banco de dados criptografado, e os dispositivos conectados não conseguem se ver entre si. É tudo separado, com firewalls garantindo a segurança da rede”.

Impacto

Conexão pública e gratuita a locais estratégicos de grande circulação de pessoas é o que garante o Wi-Fi Social DF, serviço que já ajudou a enfermeira Ana Carolina Araújo, 29, em diversas ocasiões. “Usei várias vezes na rodoviária, em momentos em que minha internet não estava funcionando”, lembra. “Precisava me comunicar pelo WhatsApp, avisar onde eu estava, se já estava chegando ou não, e também para consultar os horários dos ônibus, que dependem de acesso à internet”.

“Acho superimportante ter esse acesso disponível. Tem gente que precisa ainda mais e pode usufruir disso”

Ana Carolina Araújo, enfermeira

Ela destaca a importância do serviço em locais públicos, especialmente para quem não tem plano de dados ou enfrenta dificuldades de conexão: “Acho superimportante ter esse acesso disponível. Tem gente que precisa ainda mais e pode usufruir disso”. A experiência, garante, foi bastante positiva. “Para mim, foi muito satisfatório e de fácil acesso. Bem simples, diferente de outros lugares onde é preciso preencher um monte de informações para usar o Wi-Fi gratuito, como nos shoppings”.

No metrô do Park Shopping, a comerciante Paula Lanes, 23, reforça a utilidade do programa, especialmente para quem está em busca de oportunidades de trabalho ou precisa se comunicar em momentos de urgência. “Nem todo mundo tem internet”, aponta. “Às vezes, a pessoa está passando por aqui e precisa falar com alguém ou está procurando vaga de emprego, e não consegue acessar porque está sem internet. Já pediram para rotear a internet do nosso celular. Por isso, acho importante ter esse tipo de serviço disponível em espaços públicos”.

Marcos Menezes trabalha na Feira do Núcleo Bandeirante e elogia o programa: “Vários colegas usam, e alguns clientes também já precisaram da internet”

A comerciante Lorrany Nascimento, 19, já utilizou o Wi-Fi Social em diversas ocasiões e reconhece a importância do serviço para quem trabalha ou circula em locais públicos. “Ajuda muita gente”, afirma. “Às vezes a gente está sem internet, e o sinal funciona muito bem aqui. Muitas pessoas precisam de internet e fazem uso do Wi-Fi Social porque é uma utilidade muito grande”. Paula cita o exemplo de uma colega de trabalho que depende do serviço diariamente. “Ela não tem internet no celular e usa todos os dias para acessar redes sociais, mandar mensagens, fazer tudo”, conta.

 

Mesmo em dias de movimento fraco, o comerciante Marcos Paulo Quaresma de Menezes, 51, que trabalha na Feira do Núcleo Bandeirante, percebe a influência do Wi-Fi Social no cotidiano dos feirantes e dos clientes: “Vários colegas usam, e alguns clientes também já precisaram da internet. Às vezes, a gente tenta rotear do próprio celular, mas quando não dá certo, a pessoa consegue se conectar pela rede pública”.

 

Marcos vê a iniciativa como essencial para facilitar o acesso à informação e à comunicação em locais de grande circulação: “Sendo algo que favorece a população, é lógico que precisa. Às vezes, a gente está num local com sinal ruim, e essas redes ajudam”.